terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Resenha – A Noite Devorou o Mundo – Pit Agarmen


Antoine Verney é um escritor de romances água com açúcar, convidado por sua amiga para fazer uma pequena celebração junto aos outros 72 amigos dela em seu apartamento. Entre conversas aleatórias e uma certa falta de vontade de continuar tentando conversar com as pessoas da festa, ele fica sozinho num canto do apartamento: e fica bêbado.

Na manhã, quando ele acorda, nota algo diferente. Um vermelho que antes ali não existia, e quando se dá conta de que todos ali dentro foram devorados por alguma coisa, o álcool da noite passada saí de dentro dele e ele vomita ali mesmo no chão da sala. Há sangue espalhado por todo lugar, e logo ele se dá conta do que aconteceu: o mundo foi devorado, todos agora são zumbis!

Uma das primeiras coisas que ele faz – além de vomitar – é começar a limpar o apartamento. Ele junta tudo o que tem de que pode ser útil, ele se organiza e prepara as coisas que precisa. Encontra armas, água e roupas.

O autor fez um bom trabalho em mesclar os pensamentos do protagonista com ideias para o leitor refletir.

“Uma pessoa é muito nobre e cheia de ética quando está num lugar seguro”.

Verney, fica um pouco metódico. Sente a necessidade manter contato com outras pessoas, mas que pessoas, se só há zumbis à sua volta. Ele dá nome a dois zumbis: Richard e Catia. Ele os conduz como personagens numa estória de ficção; (ou seria talvez um romance e eles estão brigados por algo simples e que bastaria conversa?).

“Somos fantasmas irreais de nossa realidade”.

O autor conta um pouco do que é a dificuldade de ser um escritor:

“Para sobreviver, precisa-se de imaginação. Esta imaginação não é própria dos artistas, penso até que a maior parte deles é desprovida dela. Há uma imaginação de trabalhos manuais e de empregados; em cada profissão, há esses seres à parte que não se contentam com reproduzir, senão que se apropriam do real, inventam, desvelam. Muitos autores têm medo da imaginação, pois é uma fonte de mudanças, é uma força propriamente política. Consequentemente, seus livros são secos e frios, mantêm o status quo. O ódio à imaginação tem um preço: não ser capaz de imaginar o horror insuspeito é contribuir para a catástrofe final. Um artista é alguém que vê a guerra antes de ela se manifestar aos olhos de todos e que sobrevive”. – PG. 126.

Verney encontra uma outra pessoa, o caos de Paris, onde o mundo é engolido agora é compartilhado com outra pessoa – Sara, é o nome dela. Juntos como uma dupla dinâmica, Antoine e Sara exploram os prédios em busca de sobreviventes e de meios de continuarem sobrevivendo.

“Nosso inimigo é uma maior confiança no conhecimento que temos de nosso verdadeiro inimigo. Há que esperar surpresas”.


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